terça-feira, 28 de dezembro de 2021

ULTIMA RATIO REGAM - Stephen Harold Spender

 

Tradução de Ivo Barroso
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Os canhões proclamam
a última razão do dinheiro
Em letras de chumbo
na primavera dos montes.
Mas o moço que jaz morto sob as oliveiras
Era jovem e ingênuo demais
Para ser notado por seus olhos soberbos.
Era alvo melhor para um beijo.

Quando vivo, os apitos das grandes fábricas
nunca o convocaram.
Nem as portas giratórias
dos restaurantes lhe acenaram
um convite para entrar.
Seu nome nunca apareceu nos jornais.
O mundo manteve sua tradicional parede
Em torno do morto com seu ouro
aprofundando como um poço,
Enquanto sua vida, intangível
como um boato da Bolsa de Valores,
perambulava lá fora.

Quão facilmente deixou cair o seu boné
Nesse dia em que a brisa
soltava pétalas das árvores.
O muro sem vegetação onde brotavam balas
E a ira das metralhadoras
ceifando rapidamente a grama;
Bandeiras e folhas caíam das mãos e dos galhos;
O boné de xadrez apodreceu nas urtigas.

Considerem sua vida que foi sem valor
Em termos de emprego,
etiquetas de hotel,
arquivos de notícias.
Considerem.
Uma bala em dez mil mata um homem.
Perguntem.
Tamanha precisão se justificava
Para a morte de alguém
tão jovem e tão ingênuo
Jazendo sob as oliveiras, ó mundo, ó morte?

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