Tradução de Marina Colasanti
............
guerra dentro de um prato
mas só para olhares curiosos:
uma mulher arrasta pelo braço
uma menina morta
uma casa voa em pedaços
desabam as paredes de biscoito
quantas vezes falamos de guerra
sentados pacíficos
de um lado e outro da mesa?
salta no ar um carro
por sobre a saladeira
um homem grita encarando o vazio
de uma calça ensanguentada
uma guerra de além-mar
flutua na tela gigante
explode, se desfaz, estraçalha
os nossos pensamentos violados,
os fantasmas do sofrimento alheio
como vamos chamá-los, meu deus
se não extensões, secreções
de um coração em festa?
uma guerra do outro lado do pão
se consome no tempo de um jantar
queimam os campos
queima uma escola
queima uma floresta
queimam os terraços
de um hotel de luxo
enquanto sugamos uma espinha de peixe
o rapaz ri triunfante
perdeu todos os dentes,
uma guerra de além-mar
e nós que xeretamos, prudentes
por trás de um vidro suado
bebemos cerveja
na noite arroxeada
e escutamos surpresos
o barulho de um motor,
será fora ou dentro essa guerra?
explodirá o avião
ou deslizará nas nuvens?
uma mocinha foge, pés descalços
uma criança chora sem ruído
não somos nós que olhamos a guerra
é ela que nos espia
além das listas do vídeo
uma outra granada
um capacete que voa
o corpo de um soldado
mole e inerte tomba sobre si mesmo levemente
uma guerra de além-mar
nos cai docemente no prato
e nós a comemos com as batatas
ou é ela que nos come
como tantos filhos desparelhados
estragando para sempre nossa
experiência carnal do sofrimento?
............
guerra dentro de um prato
mas só para olhares curiosos:
uma mulher arrasta pelo braço
uma menina morta
uma casa voa em pedaços
desabam as paredes de biscoito
quantas vezes falamos de guerra
sentados pacíficos
de um lado e outro da mesa?
salta no ar um carro
por sobre a saladeira
um homem grita encarando o vazio
de uma calça ensanguentada
uma guerra de além-mar
flutua na tela gigante
explode, se desfaz, estraçalha
os nossos pensamentos violados,
os fantasmas do sofrimento alheio
como vamos chamá-los, meu deus
se não extensões, secreções
de um coração em festa?
uma guerra do outro lado do pão
se consome no tempo de um jantar
queimam os campos
queima uma escola
queima uma floresta
queimam os terraços
de um hotel de luxo
enquanto sugamos uma espinha de peixe
o rapaz ri triunfante
perdeu todos os dentes,
uma guerra de além-mar
e nós que xeretamos, prudentes
por trás de um vidro suado
bebemos cerveja
na noite arroxeada
e escutamos surpresos
o barulho de um motor,
será fora ou dentro essa guerra?
explodirá o avião
ou deslizará nas nuvens?
uma mocinha foge, pés descalços
uma criança chora sem ruído
não somos nós que olhamos a guerra
é ela que nos espia
além das listas do vídeo
uma outra granada
um capacete que voa
o corpo de um soldado
mole e inerte tomba sobre si mesmo levemente
uma guerra de além-mar
nos cai docemente no prato
e nós a comemos com as batatas
ou é ela que nos come
como tantos filhos desparelhados
estragando para sempre nossa
experiência carnal do sofrimento?
Nenhum comentário:
Postar um comentário